Por quanto tempo o Mundo aguentaria toda a pressão e uso desenfreado dos recursos naturais apenas para garantir o crescimento econômico de poucos países, aumentando inclusive a desigualdade social?
Já sabemos que o sistema econômico mundial está colapsando, deixando de lado medidas que visem a redução da desigualdade social e a preservação da natureza. Interessa aos governantes, leia-se representantes do povo, apenas o aumento contínuo do PIB, sendo positivo para a conta final aquilo que aumente as atividades e logo os valores, mesmo que a contrapartida seja a destruição ambiental, via desmatamentos, secas, aquecimento global e vazamentos de petróleo, por exemplo.
A verdade é que o mundo está perdendo com isso tudo, precisamos considerar todo o ecossistema para evoluirmos e prosperarmos, todos como um só, mas para tanto precisamos encontrar um modelo de sistema econômico que considere todos esses aspectos.
Dessa forma, surge a Economia Donut, desenvolvido pela economista britânica Kate Raworth, alinhada com os princípios do Acordo de Paris e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, a Agenda 2030.
Ela apresenta ao mundo uma nova conta, completa, e que permite identificar o que deve ser controlado, pois a produção está em excesso. Além do que também pode ser expandido, pois neste momento é insuficiente.
O novo modelo proposta pela britânica foi chamado de Economia Donut, pois remete a uma rosquinha doce mesmo, sendo que a cobertura representa os limites ecológicos, para fora dela estão os excessos, por exemplo a poluição do ar e oceanos, desmatamento, estragos a biodiversidade e água potável. Enquanto que as condições básicas de vida para nós humanos, estão representadas no buraco interno dessa rosquinha, por exemplo educação e saúde.
A parte intermediária, correspondente a massa do donut, é a faixa em que todo mundo deve ficar, sustentada pelo mínimo necessário para satisfazer as necessidades humanas, gerando uma boa vida e sem comprometer o equilíbrio do planeta. Isso contempla desde alimentos e água potável até níveis satisfatórios de habitação, educação, saúde, equidade de gêneros, saneamento, energia, renda e participação política.A fronteira delimitadora da cobertura da rosquinha é o ponto que a humanidade precisa respeitar.
O novo modelo tem por base o comportamento social de não deixar ninguém pra trás, sejam as pessoas como a natureza também. É pensar no todo e em equilíbrio. Assim, o sistema priorizará a prosperidade do coletivo e não o crescimento exclusivo dele.
Os resultados práticos da aplicação da economia Donut logo poderão ser acompanhados em Amsterdã, capital da Holanda, pois a prefeita da cidade, Marieke van Doorninck, assumiu publicamente o compromisso de aplicar nas políticas públicas da cidade o modelo proposto por Kate.
A cidade tem um problema habitacional, onde cerca de 20% da população está comprometida com o pagamento de aluguel e das 60 mil solicitações de habitação popular, apenas 864 podem ser atendidas. Adicionalmente ao elevado custo das poucas casas disponíveis em razão dos investimentos da especulação imobiliária.
A solução mais fácil seria a construção das habitações populares, porém as emissões de dióxido de carbono da cidade estão em níveis acima e a solução não pode comprometer o meio ambiente. Apesar da prefeitura estar regulamentando o uso de materiais recicláveis e naturais nas construções, o modelo donut virou uma oportunidade para uma solução mais ampla ao problema habitacional da cidade.
Ainda não temos evidências se este é o melhor modelo econômico a seguir, mas já traz um alívio em saber que outras propostas consideram o desenvolvimento sustentável como matriz de funcionamento. Focando nas necessidades básicas dos pessoas e respeitando o limite dos recursos naturais.
Team Meraki